LUTO

O luto permite curar, lembrar com amor em vez de dor. É um processo gradativo. Uma a uma, você vai soltando as coisas que se foram e lamenta por elas. Uma a uma, você mantém as coisas que passaram a fazer parte de quem você é e constrói de novo. Rachael Naomi Remem

A felicidade se foi de nossas vidas; O luto tomou conta de nossas danças. Lamentações 5.15 Ed Paulinas.

O luto é a forma como lidamos com a perda.

Cada pessoa passa por esse processo de forma diferente.

O pesar é uma reação normal frente a uma perda significativa, como a morte de alguém querido, perda de um emprego, descobrir uma doença, relacionamentos rompidos e a perda de um animal de estimação.

O luto acontece em toda situação em que se sofre algum tipo de perda. Luto é choro, tristeza por perdas é avaliação daquilo que se foi, é o reconhecimento das razões da perda.

Perder alguém é uma experiência traumática é igual ser gravemente ferido. O luto é esse tempo para cicatrização e adaptação é decidir seguir a vida apesar da dor esmagadora da perda.

A dor pode ser intensa e durar meses. Se a pessoa enlutada sofre com a depressão esse luto poderá complicar-se.

Quando o enlutado apresentar sintomas, o ideal é buscar ajuda de um psicoterapeuta.

sintomas diferenciam o luto com reação “normal” do luto com Episódio Depressivo Maior.

  • Culpa acerca de ações realizadas ou não ligadas a perda.
  • Pensamentos sobre morte.
  • Preocupação com inutilidades.
  • Retardo psicomotor.
  • Prejuízo funcional.
  • Alucinações, ouvir vozes ou vê a pessoa falecida.

Sintomas do luto: (Com os sintomas abaixo o ideal é buscar ajuda na psicoterapia)

  • Sentimentos: tristeza; raiva; culpa e autorrecriminação; ansiedade; solidão; fadiga; choque; anseio pela presença do outro; emancipação; alívio; estarrecimento; desamparo.
  • Cognições: descrença; confusão; preocupação; sensação de presença; alucinações.
  • Comportamentos: transtornos do sono; transtornos do apetite; sentir-se aéreo; isolamento social; sonhos com a pessoa morta; passeio a lugares que lembrem a pessoa morta; portar objetos que pertenciam a ela; choro; hiperatividade.
  • Queixas somáticas: vazio no estômago; aperto no peito; nó na garganta; hipersensibilidade ao barulho; sensação de despersonalização; falta de ar; fraqueza muscular; falta de energia; boca seca.

O luto por morte ou doença grave pode passar pelas fases: choque, negação, cólera, depressão, negociação e aceitação.

Essas fases podem variar de pessoa para pessoa, depende da estrutura emocional de cada pessoa. Pode acontecer da pessoa passar por uma fase ou duas e outra pessoa passar por todas as fases.

CHOQUE: Quando recebe a notícia da morte de um ente querido, acidente grave, doença grave, demissão do trabalho, morte animal de estimação etc. Ao receber a notícia a pessoa continua vivendo como se nada tivesse acontecido, não tem emoções que seriam normais diante do fato.

NEGAÇÃO: A negação geralmente acontece diante da notícia de uma doença grave. Continua levando a vida como se nada tivesse acontecido, não faz os exames necessários, não quer falar no assunto. A negação é uma defesa temporária, logo ocorre uma aceitação parcial.

RAIVA: reações agressivas contra médicos, equipes terapêuticas, amigos e parentes. Essa raiva surge quando a pessoa percebe o quanto da sua vida foi interrompida. Raiva do falecido por ter abandonado quem ficou.

NEGOCIAÇÃO: Negocia com Deus, paga promessas, perdoa devedores, reconcilia-se com inimigos. Tudo na esperança de ser poupado da perda ou da morte.

DEPRESSÃO: A pessoa se recolhe, não quer contato, não quer conversar. Tem insônia, desânimo, pessimismo, irritabilidade, falta ou excesso de apetite, planos suicidas.

ACEITAÇÃO: É difícil chegar a esta fase. As pessoas que conseguem relatam uma paz interior.

A aceitação não é esquecer do ente querido que partiu e sim lembrar dos momentos bons sem a dor insuportável da ausência. Conviver com a saudade e lembrar com carinho.

Tarefas no processo do luto por morte de alguém

  • Aceitar a realidade da perda – encarrar a realidade que a pessoa está morta e não voltará mais. Muitas pessoas não aceitam e entram num processo de negação. Os rituais do funeral ajudam o enlutado na aceitação. Fica muito mais difícil quando não se tem o corpo.
  • Processar a dor do luto – É necessário reconhecer e vivenciar esse sofrimento ou ele se manifestará no futuro por meio de sintomas físicos. Muitas pessoas tentam anular essa dor evitando pensamentos dolorosos. Evitam lembranças do falecido usando drogas ou viajando.
  • Ajustar-se a um mundo sem a pessoa morta – Ajustes externos, internos e espirituais.
  1. Ajustes externos – Um novo ambiente sem a pessoa falecida. Lidar com filhos, finanças etc. Podem ser muitas as situações em que a pessoa terá que aprender a lidar.
  2. Ajustes internos – A pessoa enlutada terá que aprender a desempenhar novos papeis antes desempenhados pela pessoa falecida e ajustar seu próprio eu. Viúvas podem achar que nunca mais serão amadas como eram pelo falecido.
  3. Ajustes espirituais – Pode ocorrer abalo nas crenças religiosas, questionar Deus.
  4. Encontrar conexão duradoura com a pessoa morta em meio ao início de uma nova vida – Guardar boas lembranças da pessoa falecida e decidir seguir a vida. O enlutado nunca esquecerá a pessoa querida morta, porém isso não impedirá de seguir a vida.

OUTROS SINAIS DE ALERTA PARA O ENLUTADO BUSCAR AJUDA DE UM PSICOTERAPEUTA.

  • Não conseguir falar da pessoa falecida sem vivenciar o luto intensamente.
  • Ver ou ouvir algo, desencadear reação de luto intenso.
  • Em qualquer situação a pessoa traz o tema da pessoa falecida.
  • Não conseguir mexer em nada que pertenciam a pessoa falecida ou desfazer rapidamente de tudo.
  • A pessoa desenvolver sintomas físicos semelhantes a pessoa falecida.
  • Excluir-se de todas as pessoas que tinham vínculo com a pessoa falecida.
  • Depressão, baixa autoestima.
  • Compulsão a imitar a pessoa morta.
  • Impulsos autodestrutivos
  • Tristeza inexplicável que ocorre em certas datas, aniversários ou férias compartilhadas com a pessoa falecida.
  • Fobia de doenças ou de morte, quase sempre relacionada com a doença da pessoa falecida.

Referências Bibliográficas:

Kübler-Ross, Elisabeth. Norte, estágio final da evolução. Rj: Ed. Record, 1973

Zisook e Shear(2009); Hensley e Clayton(2008);

Worden, J William. Aconselhamento do Luto e Terapia do Luto. SP: Ed. Roca, 2013.

Friesen, Albert. Cuidando da enfermidade. Curitiba: Ed. Evang. Esperança, 2007.

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